Hoje fez um ano que Clodovil Hernandes nos deixou. Quem me conhece sabe da admiração que eu tinha por ele.
No dia 18 de março do ano passado escrevi um texto sobre ele, o qual postei nesse mesmo blog. Era o primeiro e único post que havia aqui o qual nem divulguei, e que meses depois acabei apagando e começando literalmente um novo blog.
Postarei aqui esse texto, em homenagem a ele, que foi para mim um ícone de inteligência, cultura e bom gosto em um país tão carente de pessoas assim.
QUARTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2009
AU REVOIR, CLÔ! ...
Iniciando um novo blog me pus a pensar sobre qual assunto deveria ser o primeiro post. "Será que devo escrever sobre fofocas de celebridades ou algo do tipo?" afinal, se tantos blogs desse tipo existem é porque a "fórmula" deu certo.
Mas o acontecimento de ontem fez com que eu, inexoravelmente, falasse sobre a pessoa que tanto admirava, e continuarei admirando, que foi Clodovil Hernandes.
Não me lembro ao certo quando "o conheci", qual a primeira vez que o vi na tv, em alguma revista ou jornal. Mas lembro de sempre, desde criança, ter simpatizado muito com aquela pessoa de voz agradável, tão seguro de si, de um allure inigualável. Fui espectador, mas acima de qualquer coisa, admirador da pessoa que ele era. Clodovil é uma daquelas pessoas que jamais permitiriam uma opinião morna a respeito de si. Tal qual o programa que o deixou famoso na tv, quando respondeu todas as perguntas sobre o romance "Dona Beija", 8 ou 800, ou o amavam ou o odiavam. Nunca ouvi alguem dizer que gostava mais ou menos dele. Visceral que era, fez de suas palavras uma ferramenta a favor de sua notoriedade e uma arma contra aqueles a quem as críticas e sarcasmos eram dirigidas. Acredito que uma das causas de minha admiração por ele era justamente o fato de que ele não era quem queriam que ele fosse, tampouco se comportava de maneira a agradar ninguém. Era autêntico e rápido nas respostas, e que ninguém se dê ao trabalho de chamá-lo de ignorante ou qualquer coisa do tipo, pois isso definitivamente ele não era. Sabia como ninguém se utilizar de um português impecável para elevar aquelas pessoas a qual tinha alguma admiração, da mesma maneira que conseguia rebaixar uma pessoa com meia dúzia de palavras bem ditas, miradas diretamente no ego e a essência da pobre "vítima", que de alguma forma o agrediu, seja direta ou indiretamente, com palavras, ações ou a falta delas.
Admirei Clodovil porque no fundo, sonhava em ser como ele, em ter, como ele mesmo cansou de dizer, prestígio... já que fama é algo que passa. Diferente de muitas pessoas que o criticavam, eu sempre enxerguei nele um homem de princípios, de uma cultura admiravel envolto por uma aura de glamour, que o próprio reforçava com seus ternos de corte impecável, suas bolsas LV, seus brilhantes... tudo nele era chic, bonito, e era assim também que ele gostava que fosse tudo ao seu redor. "A beleza é uma das formas de se chegar a DEUS" disse ele tantas vezes, e era assim que ele queria tudo a sua volta. Jamais conseguiria viver em um lugar feio e desarrumado, pois sua classe e bom gosto funcionava quase como um "toque de Midas". Espalhava beleza por onde passava, fato esse que pode ser conferido em seu gabinete de Brasília.
Clodovil foi uma daquelas pessoas que o Brasil, se não fosse tão ignorante e preconceituoso, teria orgulho de ter como cidadão, pois sempre defendeu esse país, sempre se mostrou orgulhoso de ser brasileiro e nunca se conformou com as injustiças, corrupções e afins pelo qual se ouve falar todos os dias, como se fossem coisas normais.
Clô, como os íntimos o chamavam, também nunca escondeu a devoção que tinha às mulheres, e não tolerava o fato de que "hoje em dia as mulheres descansam em pé e trabalham deitadas". Antes mesmo da discussão com a tal "colega de câmara" eu jah tinha ouvido ele dizer isso um tanto de vezes em seu programa "A casa é sua". Será que é tão dificl entender o que ele quis dizer com essa frase? será que, em um país onde a TV aumenta sua audiência com as tais mulheres fruta, com garotas de programas "escritoras", siliconadas com status de celebridade, apresentadoras que mal sabem se utilizar do portugues em sua forma mais coloquial, ainda tem gente que se sente ofendida com suas declarações, sem entender que o que ele queria era resgatar os principios que muitas dessas nunca sequer tiveram?!
E posso dizer que aprendi muito com ele.
Aprendi que não é preciso nascer em uma família abastada para conseguir realizar seus sonhos com dignidade, aprendi que beleza não tem nada de frívolo... aprendi que DEUS nos fez do jeito que somos, então se alguém apontar o dedo na sua cara e te questionar o porque de você ser diferente do que a sociedade espera, que vá tirar satisfação com ELE... aprendi que cada detalhe é importante, pois não há obra prima que dispense seus pormenores, aprendi que ouvir música boa faz bem para a alma... Foram tantas as palavras ditas a nós, seus espectadores e admiradores, palavras que particularmente me tocaram de alguma forma, e que se aqui forem descritas tomarão boa parte desse post, portanto guardarei comigo o que aprendi com ele, que foi sem dúvida, um dos maiores, senão o maior comunicador da tv brasileira. Infelizmente vale lembrar também, que em um país hipócrita como o nosso, a sinceridade nas palavras, se volta contra nós mesmos.
Clodovil passa de estilista, apresentador e deputado a mito! fato que poucos conseguirão, por pura falta de capacidade e personalidade.
Muito obrigado, Clodovil!
Que sua mamãe, dona Isabel, cuide de você!
E ouvindo a música Se (Cinema Paradiso), interpretado por Josh Groban, cantor que conheci através dele, que me despeço nesse meu primeiro post.
Au revoir, Clô!
=*